quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Decisão

Hoje, já foi. Amanhã, é um dia novo.
Animou-se. Levantou do tapete. Com a cara inchada foi até o banheiro, e ficou embaixo da água, esquecendo o mundo.
Liberdade. A liberdade está nas águas.
Lá é um outro lugar. Um lugar que só tem eu e o nada.
E o nada é água. Não é vazio, não é nada.
É o retorno à barriga da mãe, um lugar que dá medo de sair.
Lá é tudo. Aqui, é nada.
E eu estou com medo do tudo.
O tudo cabe tudo, e não vê a mim.
Desligou o chuveiro, não querendo.
Pegou uma toalha, colocou a roupa, querendo ficar nua.
A roupa muda, encorpa o corpo de um novo corpo, cheio de segredos e verdades.
Ai, respirava cansada de ter que retornar.
Não queria retornar.
Não ia retornar.
Ligou.
Alô, Renata.
Olha, eu não vou.
Não, não estou doente. Estou, ótima.
O quê? Não, não morreu ninguém.
Não, não estou tendo nada, sério, eu prometo.
Inventar uma história?
Não precisa.
Eu não volto.
Eu não volto nunca mais.
Isso mesmo.
Eu me demito.
Avisa isso. Eu me demito.
Depois eu passo aí para ver as papeladas.
Beijos.
Desligou.
Tirou a roupa.
Tomou uma taça de vinho.E se jogou na cama.
Tinha voltado a ser gente novamente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reflexões

Meu ascendente não ajuda
minha voz não ajuda
minha idade não ajuda
tudo está virando uma loucura.

Vou procurar ajuda.

Barreira

Barreiras, barreiras, barreiras...
a vida é cheia de barreiras
e eu não consigo passar da primeira.

2010

Impulsos, impulsos, impulso...
Preciso de mais desejo em minha vida.

Risco

Risco a página
para não correr
o risco de ter páginas
em branco.

Pois se o risco deixa marcas
o branco deixa espaços
preenchidos
com nada.

Tudo foi um talvez
um quase
um soluço
freio de impulso.

Impulsos marcam.
Coragem pinta
as páginas
da minha vida.

Impulsos vão e passam
coragem eterniza
os riscos de ter cicatrizes
os dias
de momentos inesquecíveis
de quem
teve medo
de não ter dias "quase".

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Liberdade Liberdade

Liberdade pede paz.
Grita e clama
coragem e leadade na sua sinfonia.

Liberdade pede amor
pede tranquilidade
para que as rosas nasçam
num dia de Sol
e de Carmelitas.

Liberdade
festeja
coroando as ruas
com sua alegria
deixando para trás as incertezas
os medos
e as covardias.

Liberdade Liberdade
Abre tuas asas
sobre nós
desejando a essência
que taz no seu sembrante
a eterna
harmonia.

Diálogo dos Deuses

Dança Sabor pêssego.
Amarelo revolto
Pede vinho.

Ela entrou na sala. Sentou-se no canto.
Ninguém a via.
Ninguém.
Só eu.
Um segredo íntimo
desejo possessivo
de acreditar que só eu via.

Sonhos delirantes
minha mente
em ti.

O pêssego na boca.
O vinho no corpo.
O contato foi dança
num passo
descombinado
mas gostoso.

Do nada veio o mito
do nada o sonho se apoderou de mim
e os desejos renasceram
no dia
e viveram na noite.

Pedi a Lua
para lembrar-se
de mim.
Apollo incorporou no meu corpo
acendeu meu sangue
e derramou
suas flores
no meu jardim.

Ah,ainda há brilho no céu
Ainda há estrelas
confidenciando
segredos
aos cupidos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Risco

O abraço é pequeno espaço de risco.
Há uma mancha no salão
uma macha vermelha
penetrando
dilacerando
o desejo alheio.

É vermelha a dança
o cabelo solto se espalha pelo corpo
além dele.
Joga Repele
dilacera as machas vermelhas
desbrota e desmancha
a rosa
ardente.

Não tem roxo nem verde neste salão
há flechas jogadas
verdades faladas
sem traições.

O amor não existe
só a atitude impera
resplandece
o desejo exarcebado
dentro da carne
suada.

Lá a vontade é entrega discursada
aqui a cicatriz é lema
a se afirmar.
Agora,a pele pede água
e não sangue a brotar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Insustentável não ser

A entrega foi um sonho que um dia acreditei...

Olhei-te tantas eternas vezes
que minha infeliz
memória não consegue
registrar.

Se quando fecho os olhos
sinto o espaço em mim aumentar
Em mim tenho a ti
pra me fazer sonhar.

Fora, me negaste
qualquer mostra do sentir.
Esconde o teu saudoso segredo
de querer me amar.

Não quebres amor, não te corte
não vou deixar a tua fuga te machucar.
O silêncio é testemunha dessa troca sem tocar.

O resto...é presente
ausente corpo a me tocar.
O resto...é fuga sem rumo
para não deixar de te respeitar.

O agora é segredo desse eterno não tocar.
O que fica é sorriso, álibi inimigo
desse eterno não falar.

Tantos talvez...
Tantos se...
Tantos silêncios...
Tantos medos de ferir.

O passado é barreira
de um presente ausente
de ser vivido.
O futuro é espera
de um nada construído.

domingo, 13 de setembro de 2009

A Te

Meu amor
eu te esperei
anoiteceu
eu
fiquei só.

Meu amor
enquanto você não vem
eu me lembrei
que ainda sou
eu.

Hoje,
eu
vejo
que tudo que quis
não foi
não aconteceu porque nunca
me
vi.

Meu amor
eu não culpo ninguém
em tudo
eu
amadureci.

Você me esperou
e eu não te liguei
você pensou em mim
e eu não te liguei.

Eu me neguei.

Meu amor
meu amor
amo
amar
a
ti.

Em ti
eu sou
alguma vez

eu.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Testemunha

Apago uma parte de mim
porque escolho por assim fazê-lo.
Frio e crua
mutilo-me
antes que corte-me por inteira.

O sangue brota
do risco em que me deixei estar.
Estou viva...
Respiro e vejo-me no espelho.
Estou mutilada.
Sou parte do que era de mim.

Os velhos e repetidos erros não me deixam voltar para trás.
Só novos erros me fazem olhar para frente.
Hoje
o que sinto
não é dor
não é nada.
É parte de algo
que não consigo nomear
no vazio que ainda está.
Mas não há machucado aberto em mim.
Só a cicatriz de quanto acreditei em fragmentos das minhas sensações
acreditando isto ser inteiro.

Demorei
a perceber
que o inteiro
se constrói fora do meu corpo.
Em um momento, um leve momento
de intenso desgaste
de estar.

Esperei a ponte
ela não veio
o início e o fim estavam em acordos
só não houve o meio.

Sou o amor da desconstrução de mim
Sou o indecente
que brota na minha essência
de desejar viver.
No espelho espetaçado
um sorriso
me encanta e me atrai.
Será que eu ainda acredito em algo?

Fui.
Enfeitiçada.
Uma criança medrosa
atraída
pelo risco e medo de não sentir
o risco e o medo de ser-me
eu
em outro
eu mesma.
Fui
com medo...
De não ouvir o tic-tac
que marca
cada segundo que se deixa
de estar com meu outro
meu Outro.

A Alice pousou
A minha medula deslumbrou
o resto do esqueleto.
A veia inchou
e o resto foi dor
formigamento
e suor.

Há marcas na sala.
Há marcas em muitos lugares
os vizinhos não viram nem ouviram
só viam e ouviam
o que para eles era amizade.

Ai, doce memória...

domingo, 6 de setembro de 2009

Ciúmes

Hoje, eu resolvi falar sobre a vida
não de quanto ela é sofrida
mas de quanto ela é querida.

Querer não é poder, mas viver.
Ai, tantos clichês...vidas clichês
sentimentos clichês
a história
por si
sentido vazio.

Hoje, resolvi falar do nada
dos vazios que existem aqui dentro
e dos preenchimentos
construídos e reconstruídos.

Preciso sair do lugar.

Preciso?...

Preciso...

Preciso.

Hoje, resolvi falar do sorriso
e o quanto as pessoas estão mais preocupadas em falar de vazios.
Tem um mosquito me mordendo.
Ele vive me mordendo.
Não vou falar de mosquito.
Vou falar de sorriso.´

Hoje, eu estou aqui
vendo histórias nos livros
relembrando a minha
que não se construiu.

Hoje, estou aqui
pensando se amanhã vou estar aqui
porque se amanhã eu estiver aqui
amanhã vai ser um problema para mim.

Hoje, eu estou aqui pensando.
Ontem, eu estava lá te beijando.
Amanhã, vou estar em algum lugar sonhando.

Vou viver em dois-mundos.
As coisas não param.
Tanto movimento, quanta história
aonde eu estive?
Fiquei num mundo mono
O mundo tem muito mais do que 7 cores.
Vou inventar.
Vou viajar.
Vou dividir
Acreditar...
Minha segurança minha esperança.
Vou falar de sorriso
o teu
é bonito.

Simples

Assim

Fim.

Dizem que tudo termina
você entrou em mim
me provocou
e me deixou em algum lugar
em dois-mundos
acreditando que
podia sonhar.
Uma loucura açucarada
uma atração desfarçada
divido
porque virei brinquedo.
Tenho medo do meu sorriso
que me deixa tão inocente.
Tenho medo do seu sorriso
que me deixa tão inconseqüente.
Hoje, resolvi falar do sorriso
da memória
que não sai de mim.
Hoje, eu construí história
hoje, marquei teu corpo
te dividi
hoje
eu quero
ser só memória
agora, já estás com o outro.
Amanhã, será um problema para mim.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

É uma perda de tempo tentar me traduzir.
Mas não é uma perda de tempo, vir me experimentar.
Não espero mais ninguém, nem a mim.

Na verdade, espero sim...
o amor.
Amor que troca.
Amor sem pé atrás.
Amor Amor.
Amor simples por só amar.
Aquele amor que não desisti de viver por pensar.
Aquele que é sensação, risco
e medo.
Aquele que enfrenta tudo, até seus próprios desejos
por ter medo de perder
e de machucar.

Aquele que machucar o outro, é machucar a si.
Não, eu não desisti de amar
só me cansei do velho amor atrás
estou no amor presente
nesse que
saí do lugar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

The world is changing
but
the Sun continues the same.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vinha

Sonhei muitos anos na minha vida, e esperei estes sonhos acontecerem.
Hoje, o que vivo não são meus sonhos
mas algumas frustações
de ver ideais e valores sonhados
esvaziados no mundo
que estou mergulhada.
Há muita solidão no lago que flutuo.
Os peixes andam sumidos.
O céu ainda está fechado, mas meus olhos, não mais.
Abriu os olhos, a mulher deitada no sofá.
O cheiro do café pronto, era alarme do seu mais novo atraso.
Começar.
Já fazia hora que estava parada. A pele parada
não é a mesma do que suada. Não faz história.
Olhava suas cicatrizes com um certo esmero, de dores e lutas
se sentia mais guerreira e corajosa
nas suas marcas do seu passado.
Em algum momento sua história deu um tempo de si.
Em algum momento ela ficou se vendo pelo espelho.
E se viu parada
sem marca
sem saber
marcar
sem saber
mais chorar.
Os valores, os ideais, esperanças
não cresciam como sementes
no solo
não cresciam em mais ninguém
nem nela.
Não podia deixar morrer as mudas.
Parou. Ficaste parada enquanto a seca não passava.
E não passava.
A planta se transformou de rosa em cacto.
O que havia ainda de formosa nela era a garra.
A esperança debaixo do solo, crescia na raiz.
É nela que não podia morrer.
O cacto suga o pouco de água que há, para lembrar ao solo
que a seca não pode esvaziar sonhos
que apesar de tudo
a vida tem que continuar.
A vida é uma utopia, que se acredita
para não ficar parado.
Ah...
Há luz 24 horas, mesmo com nuvem.

Um magabá caiu nela.E num instante tudo que estava parado
acordou.

Decidiu viver. Alegria gritou na janela
E decidiu ter...
Novas marcas. Novas cicatrizes, novas dores.
Não vai deixar de amar.
Ela sabia.
Não vai se esquecer de chorar.
Ela silenciou.
A mulher não é mais a mesma,
ela está
não é mais...quer viver
foda-se você
está
com
os olhos
olhos
abertos.
As ilusões são os outros.
A vida não...

domingo, 30 de agosto de 2009

Magabá

Bate a porta uma travessura
uma vontade de sorrir
escondida
na minha timidez.
Bate a porta a sua voz
o seu dengo
um abraço menina
apresentado.
Bate a porta
o seu pé atrás
não eu não olho para outro alguém
é seu dengo que me faz
cair para trás.
Conheci minha sogra
ela gostou de mim
não adianta ter pé atrás
já entrei para a família.
Dos seus olhos eu não vou sair.
Não vou deixar você pensar em não investir em mim.
Vou te ligar para sair.

sábado, 22 de agosto de 2009

Percurso

A minha paz se estremece na sua tristeza.
Ninguém é feliz na infelicidade dos outros
não
a ignorância
não é um bom lema.
Não ver, não evita
voltar pra mim.
Vejo, persisto em ver
ouço, persisto em ouvir
toco, persisto em tocar
porque é isso
que me satisfaz ser viva.
Troca e cuidado.
O impulso malcriado
do outro
rasga
e não cuida.
Não sou papel. Não sou pedra.
Sou humana
indescente consciente
aborrecida carinhosa
um monólogo
indesejado
o público não quer me ouvir
não quer se ouvir.
Sento na poltrona
vejo os artistas
quem está do meu lado?
não vejo quem está ao meu lado
não sinto
há tanta ignorância em mim.
Não sei quem me vê
digo que não me importa quem me vê
para quem eu estou mentindo?
Querer ser amada
querer ser querida
é preciso amar o amor
e isto significa estar mais de um lugar
dói pensar no outro.
É monótono pensar só em mim.
Impulso malcriado
aonde vou?
Ligo o foda-se
a quem estou enganando?
Digo que não me importa o outro
a ignorância eternizada
não
sou mais do que isso.
Dói pensar no outro
dói mais pensar em mim.
Sou o outro
a resposta sai de mim
a resposta volta para mim
mas a resposta
que preciso
é uma respota madura
formada em processo fora mim.
O percurso são os outros.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A vida segue assim
sem brilho.
Só a gota da chuva caindo.

No frio,fora
no quente agora
que perpassa os meus pés.

Sou um corpo em confronto
interno
um alma, pedindo liberdade.

Cansei das amarras
cansei de cansar
vou seguindo assim
sem pensar.

Fazendo o que desejar
na minha íntima
paz.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Seguindo a vida por um caminho sem sonhos.
Os contos de fadas acabaram
e o que vi
não me satisfaz.
Não espero mais nada.
O mundo é o avesso do que está aqui dentro.
E eu cansei de ser mutilada.
Não espero mais nada.
O mundo vende sonhos que não acredita.
Escolhemos ser cegos por opção.
Cansei.
Dos rótulos presos nos olhos alheios.
Vou seguir um caminho que eu não espero mais nada
além de mim.
Respeito, amor e paz são valores
que acredito
e eu levo no meu caminho.
Na sala das tentações
eu me deito no sofá
e só vejo.
Por que vivo nesses lugares?
Porque quando estou lá, vejo
que isso é o que não desejo
para mim.
Limpo meu olhar dos rótulos
e aonde tem que existir bonecas
eu vejo mulheres.
Eu vejo, o mundo que não me satisfaz
eu crio o mundo que quero ser feliz.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ida

Eu vou para aonde as pessoas não tenham receiode mostrar o que quereme viver o que sentem...Ai, é do lado de Pasárgadao lugar da minha gente.Vou para lá.Vou-me embora e me esquecerei lásem lembrar da saudadede voltar.Peguei um submarinovermelhoe eu não sei aonde ele vai me deixar...Não tenho mais solonão tenho mais arfiquei largada em algum mar.Até quando não vou afundar?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Livre destino

SOU MULHER.

Meu corpo não é mais de menina.
Sou uma necessidade concreta
de um processo
em penetração.

De um corpo movido, desejado
transpirado
um
corpo vivido.

Não sou dúvida, ou suposição
sou entrega, confiança
gozo e suor.
Sou olhar, boca
incessante desejo.

Meu sexo real
não é na ficção.
Minha amizade é filosofia
e valores
que na minha pele transpiram.
Não sou superfície.

Isto é o que sei
a única coisa que sei.
É lindo a nossa poesia
mas eu preciso que
a minha pele
viva.


Ai, vida
por onde deixastes
minhas utopias?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pensamento do dia

Algumas pessoas precisam
de um gesto ou uma atitude
outras precisam de um
banner.

Casca

Rótulos rótulos
Por que existe?
Por que me persegue?
Por que me cria?

Não necessito de ti
não quero um parasita
que estraga meu corpo
e a minha alma danifica.

Quero sonhar sem ser
poder estar por sentir.
Ir sem você

para ser algo de mim.

Ai, rótulo não me mude

não quero acreditar em ti
não quero precisar de ti
quero seguir livre
para pensar sem pensar
para sentir sem pensar
para ser eu
sendo outro em mim.

Quero o que me adentra
me acorda
e me faz gemer.
Sem flash, sem máscaras
sem nada.

Poder inspirar
os detalhes
infiltrados em mim.
Esquecer o meu ex

e esquecer-me no meu in.

Quero poder
ter sempre
a força para
gritar.

Concreto de areia

Somos um tudo
que se refez
numa forma sem forma
num vazio aparente
de um transbortar ardente.

Somos olhares
silêncios
vontades de um
primeiro beijo.

Toque, cheiro
a tua mão apertando a minha pele
me desejando
me pressionando
me perfurando
como mulher.

Do confronto de línguas
o encontro
do desejo de nos termos.
Tudo nos impede, nos repele
menos nossos
pensamentos.

O desejo não se fez em toques
nem palavras
mas em silêncios.

Aos outros, um nada
uma curiosidade.
Aos gestos, um tudo:
fogo no peito
ventania na sala
vinho derramado
tapete molhado.
Quero acordar ao seu lado.

Farelo

Perdi-me no moinho
o trigo não saiu
meu esforço foi em vão.

Pelas ventanias andei
na direção dos meus sentidos.
Algo me aperta, me amedronta
me distancia.

A cada passo, um empurrão
a cada grito
um silêncio, uma falta de carinho.
Aonde está o amor que vivi?

Eu procurei o que o peito esmagou
as correntes apertaram minhas costelas.
Estou com falta de ar
a boca resseca
o estômago repele a ausência permanente.

Ainda sou mulher?

Aonde estão os meus desejos
aonde foi parar a minha ânsia de ser feliz.
Deve estar em algum lugar, distante de mim
moído no moinho
o trigo não se fez.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Infância

Na vida, nada se esquece
ou se esvazia ou aos poucos se perde.


O herói nasceu
antes da criança.
Socorreu toda a família, aliviou o stress
animou a casa
e encheu o lar de simpatia.
Um sorriso alegre e sapeca
a andar pela sala
com sua moto amarela.
Enquanto a mãe estudava
era mimado por todos
pintado com bolinhas vermelhas
na cara
e enfeitado com faixa na cabeça
que nem um índio valente.
A pequena luz nasceu
diferente.
Não era nenhuma heroína
a menina todos já sabiam
que teria problemas.
O corpo pintado em duas cores
o cabelo puxado do pai
enquanto o desejo de todos
era ser igual a da mãe.
A menina nasceu contrariando
a vontade de todos
com cara emburrada e gordinha.
O herói não ligou para os outros
e brincava sempre com a menina
eles eram a dupla de palhaços:
a gorda e o magro.
Era linda aquela relação,
se um acordava
acordava o outro também.
Dormiam só de mãos dadas,
Eram mão e luva.
O herói levava a menina para escola
e lá não esquecia dela
enquanto na sala era vivia sozinha
no recreio, ele era sua companhia.
A menina aprendeu a sorrir
em tamanha alegria e segurança.
Sabia que nunca estaria sozinha.
Nada foi fácil naquela família.
Os pais não tinham dinheiro
e as crianças viviam quase todo o dia
com os avós.
A menina chorava escondido
no cantinho
de saudades da mãe
e depois ia dormir
querendo preencher seu vazio, com seus sonhos.
sonhava com uma terra
sempre colorida, cheia de mato
e animais
vacas para colher leite
e cavalo para pular cercas.
Tinha rio, tinha piscina, tinha cachoeira.
Tinha jabutica, nespeira e lobo mau também.
Quando ele aparecia, o caseiro da casa pegava sua espingarda
e o lobo ficava bem longe
a olhar.
Ninguém nunca conversou com a menina
o que ele fazia
ela só sabia que pelo mato
tinha um lobo a esperar.
Um dia passeando com sua tia
a menina passou do lado do lobo
ele estava fantasiado
mas a menina e a tia
sentiram que aqueles olhos eram olhos para farejar.
Colocaram um sorriso na cara
e uma desconfiança
nos olhos.
O lobo passou, esperando a menina e a tia virarem a cara
mas elas não viraram
e encararam o lobo até o final da estrada.
Os lobos são covardes
e apesar de ser maiores
só atacam quando estamos com medo.
Neste dia, o herói
não estava.
Como em muitos outros dias, não esteve.
Depois que ele perdeu a alegria
na face, nunca mais foi o mesmo.
Ele acreditava num mundo tranquilo e de paz
mas um monstro um dia apareceu
e o atacou por trás.
A menina viu tudo.
Viu, exatamente, o dia que o seu herói morreu.
Nunca mais os dias foram de paz.
A gorda e o magro desapareceram.
O herói quis ser monstro no mundo fora dos sonhos.
A amizade prevaleceu por um tempo
até que
uma noite
comum de brincadeira
o herói narrou a sua primeira monstruosidade.
Foi aos 7 anos
que a menina começou a
perder
a sua verdadeira inocência.

Tinha acabado sua infância.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Retorno para a inocência

Meu olhar é vermelho
meu corpo
lilás
meus dedos azuis
querem tocar o manto

do céu.

Lá as borboletas voam
lá é o mundo é de liberdade
lá estou dentro de ti
e você de mim
quando
fecho os olhos.

Lá é o meu desejo
a se tocar
a se desejar, mais cada vez mais
nos impulsos
azuis
deslizando sobre o seu corpo
como uma onda.

Bate aqui dentro
as asas do beija-flor
serelepe
cintilante
pronto para o amor.

Há inocência na paixão?

Meu desejo é
liberdade.
De amar, de tocar
de poder ficar o dia e a noite
a te olhar.

Desejo
que os desejos não fiquem só na vontade
que a entrega
seja natural
e verdadeira
sem corda que nos prenda
que não precisamos disso para viver.

Já temos o laço mais forte que podíamos ter.

Diga o som que acredita
se acreditar
diga o que desejar
se desejar
mas não deixe de fazer nada
por não confiar.

Olhe mais pra mim
que você vai ver e perceber
as minhas provas de amor.
Praia lua e mar.
Serra frio
vinho e café.
Ar verde terra nos pés
desejo paixão pulsação.
sonho amor
tudo me lembra
a minha vontade de te ter.
Fazer amor e acordar abraçados.
Ninguém precisa nos ver.
Não tem mais ninguém
que me
completa,
que erra, me machuca e não sai de mim.

Por que o dia fica mais azul com seu sorriso?

Eu não sei.

Nunca me fez sentido
nunca procurei sentido
no seu olhar
e no meu bobo
olhar.
Nunca procurei sentido
no sem sentido.
Só queria ouvir você
ouvir o som do que sente
a música que ouve.
O seu amor por fora é cinema-mudo.

Mas por dentro, eu sei que não.

Seu olhar é vermelho
seu corpo
lilás
seus dedos azuis
querem tocar o manto

do céu.

domingo, 2 de agosto de 2009

Libertação

Um jovem ficou louco
e os médicos quiseram lhe dar
remédios.
Todos os dias
ele tinha que lutar
entre duas realidades.
Todos o queriam em um mundo
mas era no outro que
ele nunca deixava de sorrir.
Procurava respostas
ajuda
amor
mas não encontrava
no mundo que seu corpo vivia.
Procurou, procurou
nunca achou.
O rapaz foi em busca do que acreditava
e desistiu
de tudo por qual lutava.
Passou alguns anos, ele morreu.
Um dia
sua mãe mexendo
em seu ármario
encontrou uma mala
cheia de remédios intocados.
O rapaz vivera seus últimos anos
na loucura plena.
Num mundo, cheio de ingenuidades
das verdades mais lindas
do coração e da imaginação.
Lá, ele nunca mais chorou.

Wonderland

Tem que acreditar
para desistir.
Algo reina no meu peito
um mundo de Alice
cheio de medos e valores
cores, música
gatos, menina e majestade.
Mas de tudo
sou Alice
e sigo meu caminho
pelos quadrados brancos e pretos
em que acredito.
Desistindo do que se sente
do que prende
por acreditar em um mundo
de Alice.
Utopias que sigo para chegar
aonde desejo
Felicidade
é somente disso que preciso.

sábado, 1 de agosto de 2009

Castelo de areia

Eu deixei o tempo responder
os atos que foram ocultados
já tive todas as provas de amor
que precisava.
Sim, eu desisti do amor.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Não comeces

Não começa
com essa loucura desvairada
Não começa
com você eu não quero mais nada
que me prenda
que me amarre
que me agarre pela minha mão
e me rasgue sem dó, uma palavra, um sermão.
Não comece
que em você eu não acredito mais.
Não comece
que com você eu não vou nunca mais.
Não comece
que com você não quero amizade, irmandande
cansei de falso amor
cansei até da sacanagem
que furnicavamos tão bem.
Não comece
que não quero saber do que sentes.
Não comece
que amor não é essa loucura-dependência.
Não comece
que esse amor me assusta, me agride
vai contra mim
contra meus princípios
do que eu penso e sinto
que é o próprio amor.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aprendendo a dizer ...

Entrou no espaço vermelho, fumaças e música suave.
Os risos eram mais altos, e cobriam a sintonia do lugar.
Liberdade era o lema desta casa.Liberdade e ...
Um palco pequeno e duas mulheres sobem nele.
Dançam, abrem as pernas, a calcinha fina preta fica a mostra.
Os risos aumentam, mas não há ridículos.
Sobem no colo, e fazem carinho a sua maneira.
Ali perde-se o medo de olhar.
Mania que fica para sempre.
Luxúria que escorre a veia.
Papo direto, desejo ardente, paixão nos olhos, tesão nos dedos...
Dança para mim?
Danço.
A cama é um grande palco.
Enfio a calcinha no cú, sem ninguém vê
E me despo dos meus pudores...aos poucos
Me viro de quatro, e percorro a parede
o chicote vem dos olhos.
Fica distante
Não posso tocar
Não Agora quem está mandando sou eu.
E quando eu vou mandar Quando eu te avisar
Tiro o sutiã, minhas costas fica lisa. E a calcinha preta continua enfiada
Posso tocar nas suas costas Não

Vamos ver se vocÊ sabe beijar
Beijar pelas costas?
quem não sabe beijar um corpo não sabe beijar um boca
Quem falou isso?
Eu.
E você sabe sobre todos os beijos?
Sei dos beijos sobre meu corpo.Comece.

domingo, 5 de julho de 2009

Quantas vezes te falei...

A luz vermelha encobre a sala. Cigarro sobre o tapete e a boca avermelhada.
Vinho nas taças e um olhar endereçado.
Frases, risos e tragadas.
Sim, eu estou a olhar você.
Não tem medo de ocultar, não porque ter medo de fingir.
Foda-se o quê os outros pensavam.
Não era santa, beijava muitos.
Mas sempre tinha um primeiro olhar, para a mesma pessoa.
Sempre.
Os olhares se encontravam, e o jogo começava.
Vamos dançar tango?
Já estamos pelos olhos.
A dança reludiu no mar da noite.
Quem vê? Eu não sei.
Não vejo mais ninguém no salão.
A minha dança é em par.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fome

Um beijo numa noite
desiludida.
Um vai além de onde
não se esperava nada.
Beijo, toques sobre o corpo.
Batida estridente
a música é sobre a gente.
Corpo descoberto
suado
renovado.
Corpo penetrado
dilacerado
despetalado.
Morte transformada.
A transpiração
tenta apagar
as marcas sobre a pele.
Branco, azul, preto, lilás.
O tic-tac é
carregado
de vermelho.
O meu orgasmo é amarelo florescente.

sábado, 27 de junho de 2009

Vermelho, branco, amarelo...

Imenso mar que me conforta
traz nas ondas
um vai e vem
de sensações de liberdade.

Caminhava pelo campo.
Uma grama verde e molhada acarinhava os pés
da mulher que nunca deixou de ser menina.
Caminhava ou corria descalça, com os cabelos soltos.
Era dona de si e não se preocupava com que os outros podiam falar.
Não pensava.
Sentia apenas
Um sofrer nem sempre dor mortal, mais dor que revive, aquilo que se esqueceu...
Acordava cedo, catava delicamente cada grão, cada semente que ia plantar.
Suas plantas eram delicadas, tudo era delicado: o toque, o preparar a terra, a semente, o molhar, o plantar, cada centímentro de diferença da distância de uma para outra...tudo um viver atencioso com o segundo cair de seu suor.
Na rua, as pessoas andavam, às vezes, a viam
às vezes, a olhavam
de noite, a observavam
a admiravam, e a temiam.
Viam nela, o que não tinham em suas vidas.
Vivia sozinha.
Às seis, parava e tomava um café na janela em sua velha casa
neste dia, chovia
delicadamente
na grama
e ela fumava ali, na parte de cima do sobrado, vendo o cinza florir vida.
O Sol aparecia no fim do espetáculo.
Delicado.
Mais tarde, tomava um banho, numa ducha de água pouca e quente
se casulando
com o ar frio
que raspava na pele, às vezes.
A água protegia e levava sempre algo
esquecia o tempo
esquecia a rua
esquecia tanto...que não se lembrava
de pensar em algo...que deveria esquecer.
Sentia. E lá ficava
As gotas a bater nas costas, a passar pela perna, pelos pés...
E quando se lembrava de sair,
deixava sua cabeça se libertar
para a água escorrer entre os cabelos e a nuca.
Colocava um vestido, escolheu vermelho.
E saiu.
A noite violava, e seu corpo dançava no salão.
Cada par, tinha seu cheiro.
O suor a libertar a pele, e os cabelos
a estar descabelados.
Até que, um de todos resolvera aparecer.
Era um, diferente dos outros.
Chamou a sua atenção.
O risco de ser um, somente, lhe atraía.
E todos observavam aquele que não era os outros.
Achavam-o menor.
E ela no menor, o achava único.
Violavam seus olhos por muito tempo, num tango delicado
e sincero.
Violaram o bolero dos outros, e dançaram
num vai e vem
no mar vermelho, branco, amarelo...
Numa doce sensação de liberdade.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Nada aconteceu...

Todo o meu medo
se reduz no medo de não-ser.
Sei o que sinto, e desejo.
Luto contra mim
vigiando meus sentidos
que te procuram a todo momento.
Sou vigilante de mim.
Porque em mim está um outro
que divaga sempre
em sonhos.
E neste lugar, posso ser e viver o que nunca deixei
de querer viver.
Passo a passo.
Sem receio,sem medo
com cuidado, de não furar
o tempo onírico de viver um ....
Um tempo outro
da realidade de não poder te tocar.
Com cuidado, te sinto.
Sentindo-me.
Adentro no meu ser, e sinto seus braços..
teu corpo quente...
Abraço-te
e espero sempre suas palavras
que nunca vêem no meu ouvido.
Abro os olhos, e nada foi vivido
aqui.
Tenho saudades do lá.
Entre o lá e o aqui
caminho distante...por quê?
Nunca soube.Voltei no medo do não-ser.
Sou um duplo desejo
sou uma dupla essência
um duplo fingimento
um andante covarde e petulante
que divaga por aí
divagando dentro de si.

domingo, 14 de junho de 2009

Desejo

Beijo e beijo mais
cada vez mais
sem poder parar
sem saber o porquê
desse desejo de beijar
de beijar
pensando...
nesse desejo indesejável
de não conseguir parar
de beijar
vocÊ.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Amarelinha

Um caminho torto construído
na madrugada.
Um peito quente, uma mensagem
diferente
me deixa acordada...por quanto tempo?
Não tomo chá das 17h, mas tomo café
a todo momento,
água que me mata divagando sob meus poros.
A ditadura da rua me cansa
não vejo nada
não vivo nada,
ando apressada, sempre.
sempre.
Não vejo nada...
não vejo nada a tanto tempo...
a tanto tempo não vejo...
uma estrela.
Estou com saudade da minha infância.
Da minha inocência, da vontade de brincar que nunca passou.
Abraço a saudade que tenho do lugar que vivi a liberdade
de poder errar...
Ai, a saudade é minha irmã.
Olho para trás, pensando na minha frente.
O caminho que me direciona
não tem estrelas, não tem natureza, não tem
nada
vivo.
Mentiras, ilusões
egocetrismo.
Um lago sem peixinho.
Quero o mar, sem saber nadar...mergulhar
sem saber se vou voltar
quero...
pegar ar
e poder respirar
correr o risco de
morrer, ou de viver...
Andar na terra e subir em árvores
comer jabuticabas e não pedras.
Mergulhar no Sol e na cachoeira.
Parar
para sublimar
o nascer e o morrer do dia
e não de mim.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A vida em cores

Olho a vida em amarelo
do sorriso sem medo
de um andar nada discreto
de um falar
declarado
de se viver feliz.

Olho a vida em azul
de um céu aberto
de um mar espelhado
de uma paz
simples
de boiar.

Olho a vida em vermelho
de uma paixão dançada
nos toques arrastados
e conscientes dos amantes.

Olho o verde
das plantas
que exalam vida, cotidiana
em seus caules.

Olho o preto nos olhos
que me fazem calar
enquanto falas
suas dores e seus tormentos
me deixando em frente há um corpo maduro
e um medo infantil.

Um olhar preto, para um tecido aberto
intimo
verde
de uma rosa vermelha
despetalada
chorando
diante do sorriso branco
boiando
em frente ao céu!!!

sábado, 11 de abril de 2009

Urgência

Quando o vento bate
a minha insensibilidade se afasta.
Fico nua e sem jeito.

Fui cega,com meus dois olhos pretos.
Tornei minha pele negra numa rocha escura.
Tratei meu coração como diamante
quando nele só percorria sangue.
Faltou-me humildade
quando tinha que ter.
Faltou-me ver
para aprender a viver.
Faltou-me tantas coisas
que eu mal posso dizer.
Faltou-me não julgar quando eu tinha que estar.
Faltou-me ver para compreender.
Faltou-me me entregar quando eu tinha que só amar.
Tenho que me desfazer.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Luneta

Caminhas por terras seguras
e não encontra
Mergulhas em mares verdes
e não vê
Olha para o céu e sonha
Finge e chora

Até dormir mais uma vez.
Fingi sentir Indiferença.
Faz ferida em mim.
Olho para o céu as nuvens fogem
mas a Lua ainda luta para estar ali.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Vermelho


Está chovendo

E estou chorando vendo a rosa despetalar.

Estou cansada, não quero ser casada

só me enamorar.

Nunca sou, sou um estar em algum lugar

Um estar em algum rio de tempo

Enquanto
Despetalo.

E morro pra depois reviver

...reabrir

E amar.
Ouço gritos em bocas fechadas.

Vejo alguém em meus sonhos.

Alguém que está por chegar.

Alguém que estou a esperar.

Sem medo.

Uma velha amiga, que não lembro

de outros tempos

alguém que vai me reencontrar

em um outro momento

na chuva e no silêncio.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Rosa Fechada

Os olhos são lindos e desejosos de liberdade.
Derramam vontades guardadas dentro do peito.
Enquanto...

...a vida passa depressa demais
vivendo de jeitinhos.

Os olhos são palavras sinceras
marcadas em constante lágrimas.
Dá medo olhar nos olhos e ter
que acreditar em ilusões e palavras.
Como se algo pudesse ser perfeito
sem medo de perder ou não viver.
Viver...
...uma frase sincera, sem máscara.
Entrega num momento verdadeiro
Sem outros
sem receios
sem pensamentos
SEM TEMPO.

Quero...


.calada palavra uma de tudo o Só

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O centauro e o cavalo

O centauro e o cavalo
são receosos, mas podem confiar de olhos fechados.
Gostam de correr e de liberdade.
Tem cabeça inclinada, mas ficam de quatro.
Vivem na defensiva.
Mas são domáveis.
Podem ser companheiros, e protegem a sua maneira.
Machucam e são machucados.
Lutam e são solitários.
Seguem o vento da natureza.
Mas...
O cavalo é montado por homens
e o centauro é montado por ele mesmo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Nuances

Hoje,eu desisti de sonhar.
Quero só viver.
Mas como poderei caminhar sem sonhar?
Hoje, eu desisti de caminhar.
Sempre me lembro caminhando
nunca parada, nunca estática.
E isso me sufoca.
Nunca estive em silêncio, e isso me atormenta.
Minto.
Estive uma vez.
E tudo pareceu tão lindo, tão vivo
e estático, como um lindo quadro.
Ninguém o via. Só eu.
Ao redor, estava tudo escuro...de um escuro vivo
de olhos abertos.
Não sentia meu corpo, ele estava morrendo.
E não percebia, muitos menos ligava.
Então, algo vivo aconteceu em mim.
Era os meus pensamentos avisando-me
que para estar ali para sempre
eu teria que perder algo
e deixar muitas pessoas.
Olhei para cima, e tinha luz.
Tinha meus avós conversando
queria escutar o que falavam.
Senti-me, naquele momento
completamente interrompida pelos meus desejos
e sufocada de não poder respirar...isso se repetiria,
muitas vezes,mais tarde...
Eu precisava de ar.
Então, bati os meus braços e quis lutar.
Foi assim que eu sai da água e encontrei o ar.
Foi assim que deparei-me com a vida e a solidão.
Foi assim que comecei a aprender a me amar.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

...

Paixão
é presença.
Amor
é interseção.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Anel

Se interesse está em primeiro lugar,eu prefiro viver do resto.
Não me importa erros, nem passados.
À mim importa beijos e abraços vividos
passo a passo.
Não encha nosso romance de perguntas
não tenha medo de me perder
ou de me ter
Porque você já vive em mim
o suficiente de
às vezes,
eu te esquecer.
Não preciso tê-la todas
às vezes
do meu lado.
Não preciso sublinhá-la
ao meu lado.
Sim,
você
faz parte de mim
seu carinho
teu desejo
teus amores
ideais e seus poucos medos...
seu lado menina
seu lado mulher.
És tão parte de mim
que por causa de você
eu até lembro de mim.
Amor
eu sou assim
não ligo para textos...
sou uma esquisita
com pensamentos perdidos
e
mal planejados.
Mas tentarei ser plana
em minhas palavras
agora:
meus acordos
não são de palavras
minha fidelidade não está nos meus olhos
nem nas minhas mãos,somente,
está
em meu coração.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Às vezes

Às vezes, a gente não se imagina indo muito longe
e não imagina a pessoa
que poderá entrar em nossa vida.
Às vezes, é bom receber conselhos
e entender histórias alheias
para de certa forma revivê-las
da melhor maneira possível.
Às vezes, se usa de truques
para conseguir sorrisos.
Às vezes, eu até imaginei
que podia ser algo mais...
mas não imaginava
esse seu olhar
assim...
me fazendo mulher
me tocando
me descobrindo
fazendo eu me descobrir
dentro de ti.
Às vezes,
eu digo que te protejo
às vezes,você me abraça
me abraça mais forte
eu me perco
e esqueço tudo lá fora
de mim.
Às vezes, tudo é um lindo filme
às vezes...