sábado, 30 de outubro de 2010

Entre-órgãos

Entre meus órgãos
o vazio
preenchido
pela fumaça do cigarro.

sábado, 23 de outubro de 2010

Paredes

Caminho, sabendo aonde posso chegar
caminho andando para trás
defesas de passos machucados.
Areia voa, voa
para esconder os calos.
Nada é como antes
o sorriso persiste
enquanto a língua lambe as lágrimas derramadas.
Nada é como antes.
A criança tem hora para brincar, o sorriso tem hora para nascer
porque tudo que vivemos é planejado
racionado
imaturado
desvelo sem fim.
Medo do segundo passo.
O primeiro é sempre escudo.
Outro passo para trás.
Medo de doer, de criar mais uma cicatriz
que teremos que esconder.
Medos, medos, medos...
constrói-se mais incertezas
sobre o que está certo.
Os outros riem enquanto nos afastamos
riem da nossa pieguice
de querermos ser fortalezas
para
escondermos-nos entre paredes
e lançarmos
perguntas atrás de um sentido.
Um sentido que nos motive a seguir desta vez
adiante.
Atrás destas paredes está nosso segredo:
a vida é melhor vivida sem pensar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Mar

Estranho desejo.
Ficar a observar o mar.
E esperar a onda.
Ela se formando desde o horizonte, e aumentando seu tamanho.
E eu sem saber se nado até ela
ou se espero ela se aproximar.
Estranho risco:
de conseguir mergulhar
por dentro dela
ou ser tomado
e sem ar
cair cair cair
sem saber aonde vai dá.
Estranho. Estranho. Assustador.
Mas assim é o mar.
Apavorante mas hipnotizador.
Difícil parar de olhar para ela.
Não sei o que fazer.Estou a fazer castelos de areia.
As nuvens passaram, o Sol se desfez, e agora
com a Lua, ela está mais bela do antes.
E eu aqui parada, esperando por ela.