domingo, 24 de janeiro de 2010

Onda

Eu cresci e tudo mudou.
Meus amores mudaram
meu "eu" era seu
e hoje
eu não me esqueço.

Eu cresci e ainda continuo pequena.
Grande cólica que não passa
hoje me livrei te ti
com pílulas.

Tudo é uma questão de tempo
tempo que xinguei
e hoje
eu o batizo
meu amigo.

As ondas passaram
as ondas marcaram
lembro-me do meu primeiro amor
e como passo por ele
só com um sorriso.

Meu coração boiou.

Eu amei.
Eu amava.
Eu ainda amo
respiração ofegante
num corpo deixando-se suave.

Antes eu gritava
faria tudo para estar contigo.
Hoje, eu faço tudo
pra me sentir comigo.

Não me esqueço mais
me entrego ainda
para quem nada devo, nada ofereço
além de um momento.

Pois, eu cresci
e aprendi
não posso entregar
meu coração
meus pensamentos
a mim, eles nunca perteceram.
Posso entregar o que sou
dentro de um estou
posso entregar meus momentos
pois a mim
não me interessa o amor
palavra parada
me interessa amar
em ondas suaves
e de tormenta.

Os pensamentos repletos
ficam boiando
no mar
aonde alguém...

Alguém mergulhou
o coração pulsou
minha pele suou
e meus movimentos
são todos desejos.

Ainda sou pequena
no seu colo
no seu abraço
no seu ouvido
mergulha mais
pra eu ficar te sentindo
enquanto a onda vem vindo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Coragem

É preciso não ter medo de colocar um ponto final, para poder continuar.
As coisas mudam e nós mudamos.
Hoje, somos dois estranhos.
Os dias vieram e nas tardes sagradas
encontravámos o elo
dos nossos contrastes.
As diferenças eram brincadeiras
e as semelhanças nossos segredos
nossos encontros
nossos papos
trocas e liberdade.
Tudo ficou em algum lugar
que não vemos mais
que não somos mais.
Somos outros estando junto.
Encontro sem interseção.
Éramos quase crianças, hoje, somos realmente adultos.
Nossos encontros
são solidões não admitidas.
O diálogo esvaiceu, a admiração se foi.
Ficou as críticas, e a vontade
de que o outro seja diferente.
Talvez, estejamos com medo de admitir
que não somos mais.
Admitir que os sentimentos são passageiros
e que as promessas não são eternas.
Admitir que as diferenças vencem
e que os encontros acabam.
Talvez, estejamos com medo de nos perguntar:
como seria a minha vida sem você?
Com medo da resposta nem a fazemos.
Estamos com medo de olhar o presente,
como crianças que tem medo de ser adulto.
Como um adulto com saudade de ser criança.
Mas não é pra isso que serve a infância, nem os encontros.
A infância é assim
um dia acordamos
e descobrimos
que ela não está mais aqui
ficou num mar de lembranças.
E em ondas traz dentro das garrafas, mensagens pra ficarmos com saudade.
Talvez este seja o nosso melhor destino.
Talvez.
Se assim for, que seja de lembranças boas.
Por favor, coloque o ponto final quando para isto lhe for preciso.