quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Decisão

Hoje, já foi. Amanhã, é um dia novo.
Animou-se. Levantou do tapete. Com a cara inchada foi até o banheiro, e ficou embaixo da água, esquecendo o mundo.
Liberdade. A liberdade está nas águas.
Lá é um outro lugar. Um lugar que só tem eu e o nada.
E o nada é água. Não é vazio, não é nada.
É o retorno à barriga da mãe, um lugar que dá medo de sair.
Lá é tudo. Aqui, é nada.
E eu estou com medo do tudo.
O tudo cabe tudo, e não vê a mim.
Desligou o chuveiro, não querendo.
Pegou uma toalha, colocou a roupa, querendo ficar nua.
A roupa muda, encorpa o corpo de um novo corpo, cheio de segredos e verdades.
Ai, respirava cansada de ter que retornar.
Não queria retornar.
Não ia retornar.
Ligou.
Alô, Renata.
Olha, eu não vou.
Não, não estou doente. Estou, ótima.
O quê? Não, não morreu ninguém.
Não, não estou tendo nada, sério, eu prometo.
Inventar uma história?
Não precisa.
Eu não volto.
Eu não volto nunca mais.
Isso mesmo.
Eu me demito.
Avisa isso. Eu me demito.
Depois eu passo aí para ver as papeladas.
Beijos.
Desligou.
Tirou a roupa.
Tomou uma taça de vinho.E se jogou na cama.
Tinha voltado a ser gente novamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

gente
poderosa
tinta
e quente.

começou o ano
terminando com chave de ouro
o até então
ano-corrente.


bjo, meu amor!