sábado, 23 de fevereiro de 2008

Rosas

“Nada existe que não se esqueça, alguém insiste e fala ao coração
Tudo de triste existe que não se esquece, alguém insiste e fere o coração”

Começou tudo numa brincadeira, numa brincadeira gostosa de mergulhar
Sem vontade de voltar a superfície, pra respirar.
Tudo a volta difuso, e estranho
Mas aonde eu estava, era bom de estar.
E por segundos, tudo pareceu não poder mudar.
Não me preocupava, não pensava, só sentia.
Algo aconteceu. Conheci alguém.
Alguém que me fez pensar.
E sem sair daquele encanto, me vi mergulhada em outro.
E tive mais vontade de encontrar esse outro,tão difuso quanto eu.
O tempo passou, e eu sai desse mar.
Em qual mar, ele se encontra?
Agora, tenho caminhado...a terra nos meus pés
Não me deixa me encantar novamente
Mas me deixa me encontrar.
Os corpos que vejo agora, não são mais difusos,
Mas suas almas são mais distantes.
Meu ambiente é de rosas.
Elas são meus amores.
Queria ser só olhos
Só para olhá-las.E amá-las.
Mas meus dedos existem, e tenho vontade de senti-las
Pego suas pétalas em minha mão, e por um momento
Elas fazem parte de mim.
E eu sou só delas, mesmo que eu não faça parte delas.
Esse é o nosso momento, nosso silêncio,nosso acordo.
Agora estou encontrando outra alma.
Alguém que me faz sentir.
É estranho, mas não tenho medo.
É estranho aguardar o que não se sabe o que vai aguardar.
Mas sei que tenho que aguardar.
Mudanças ocorrem em mim. E meus olhares não são mais os mesmos.
Não sei o que são, não sei...
Mas tudo parece tão simples.
Não tenho pressa.
Hora de mudar... simplesmente isso.
Sem medo... eu me apresento.
Para quem pode me achar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Casos I

- Quem ele acha que é?
A cabeça dela estava quente. Não agüentava mais o jeitinho do neguinho.
Marrento, galinha, safado, canalha, enfileirava rapidamente todos os xingamentos que podia imaginar sobre ele.
Ela gostava dele, isso era o que achava pior.
Morria de ciúmes, mas não queria demonstrar, e achava que fingia muito bem, virava o rosto, os olhos enchiam rapidamente de água, não se sabe de raiva ou de que mais, mas o fato é que era só uma mulher chegar perto, tocá-lo, ou soltar uma frase mais doce e intima, que essa tal “raiva” aparecia em sua face.
Ficava na sua, quietinha. Ele não fazia seu tipo, mas não sabia o porque, o neguinho mexia com ela. Era o jeito de falar, de andar, de pensar, tudo diferente dela, mas então porque ele mexia com ela?
Era só uma atração, ia passar.
Imaginou.
E se cansou de esperar.
A atração continuou. Era gostoso pensar, nem que fosse, às vezes, que podia ser a mulher dele.
Pelo menos, quando ele a abraçava, a olhava, se sentia sua mulher. Ficava sem forças de quebrar o olhar, mas aos poucos sentia sua face se enrubescer - talvez por medo de achar que ele estava percebendo tudo, medo dele se achar gostoso, de achar que ela era igual as outras, a achar fácil,não!!!... definitivamente, não queria lhe dá mole assim, tão fácil – e então, virava o rosto, escondendo qualquer sentimento.
Que raiva! Tanta gente pra gostar e logo ele.
O rapaz era marrento mesmo, mas não era má pessoa. Forma de expressar, máscara, sabe?
No fundo, estava cansado da vida de sempre. Nada de novo, os dias estavam muito monótonos. O coração nem vibrava tão gosto. E a única gatinha, que lhe prendia não ligava pra ele. Reparava tudo nela, gostava disso.
Quando ela vinha de vestido é que matava o pobre rapaz. Não conseguia desgrudar os olhos, ficava com medo de parecer idiota, parava e ficava na tua, ia conversar com os amigos, com as amigas. E quando olhava pra ela, a menina estava com o rosto virado, sequer o notava.
Eles não tinham nada em comum,ela nem era afim de samba. Achava ela estranha, mas o pior, é que gostava desse jeito estranho.
Achou que era atração, ia passar.
Imaginou.
E se cansou de esperar.
Sonhava, deseja sua boca. Ficava olhando pros olhos, e sem perceber já estava olhando para a boca. Tentou se policiar. A menina podia achar que ele era um tarado. Teve medo. Dela não aceitar nem mais seus abraços. Teve medo de tocá-la e acabar “demonstrando” seus desejos. A menina ia achar que ele era tarado.
Mas era só, ele abraçar que tinha vontade de lhe apertar e beijá-la. Era só olhar pra ela, que tinha vontade de beijá-la. Quando dormia sonhava que não só estava beijando, como transando com ela, e se fosse mais sincero, deixaria escapar um “fazendo amor”.
Maldita atração que não passa.
E se não fosse atração, fosse algo, mais?
Era algo mais. Mas estava com medo de pensar isso.
Saiu e dançou com uma menina, mas logo a viu no final do salão. Tentou disfarçar mas o corpo estava quente, só de saber que ele estava tão perto dela.E ela nem olhava para ele.
Enquanto isso, ela sentia seu rosto quente e vermelho com “raiva” daquela intimidade que ele dançava com aquela “mulher”.
Maldita atração que não passa.
E se não fosse atração, fosse algo, mais?
Era algo mais. Mas teve medo de pensar isso.