sábado, 22 de agosto de 2009

Percurso

A minha paz se estremece na sua tristeza.
Ninguém é feliz na infelicidade dos outros
não
a ignorância
não é um bom lema.
Não ver, não evita
voltar pra mim.
Vejo, persisto em ver
ouço, persisto em ouvir
toco, persisto em tocar
porque é isso
que me satisfaz ser viva.
Troca e cuidado.
O impulso malcriado
do outro
rasga
e não cuida.
Não sou papel. Não sou pedra.
Sou humana
indescente consciente
aborrecida carinhosa
um monólogo
indesejado
o público não quer me ouvir
não quer se ouvir.
Sento na poltrona
vejo os artistas
quem está do meu lado?
não vejo quem está ao meu lado
não sinto
há tanta ignorância em mim.
Não sei quem me vê
digo que não me importa quem me vê
para quem eu estou mentindo?
Querer ser amada
querer ser querida
é preciso amar o amor
e isto significa estar mais de um lugar
dói pensar no outro.
É monótono pensar só em mim.
Impulso malcriado
aonde vou?
Ligo o foda-se
a quem estou enganando?
Digo que não me importa o outro
a ignorância eternizada
não
sou mais do que isso.
Dói pensar no outro
dói mais pensar em mim.
Sou o outro
a resposta sai de mim
a resposta volta para mim
mas a resposta
que preciso
é uma respota madura
formada em processo fora mim.
O percurso são os outros.

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