sábado, 27 de junho de 2009

Vermelho, branco, amarelo...

Imenso mar que me conforta
traz nas ondas
um vai e vem
de sensações de liberdade.

Caminhava pelo campo.
Uma grama verde e molhada acarinhava os pés
da mulher que nunca deixou de ser menina.
Caminhava ou corria descalça, com os cabelos soltos.
Era dona de si e não se preocupava com que os outros podiam falar.
Não pensava.
Sentia apenas
Um sofrer nem sempre dor mortal, mais dor que revive, aquilo que se esqueceu...
Acordava cedo, catava delicamente cada grão, cada semente que ia plantar.
Suas plantas eram delicadas, tudo era delicado: o toque, o preparar a terra, a semente, o molhar, o plantar, cada centímentro de diferença da distância de uma para outra...tudo um viver atencioso com o segundo cair de seu suor.
Na rua, as pessoas andavam, às vezes, a viam
às vezes, a olhavam
de noite, a observavam
a admiravam, e a temiam.
Viam nela, o que não tinham em suas vidas.
Vivia sozinha.
Às seis, parava e tomava um café na janela em sua velha casa
neste dia, chovia
delicadamente
na grama
e ela fumava ali, na parte de cima do sobrado, vendo o cinza florir vida.
O Sol aparecia no fim do espetáculo.
Delicado.
Mais tarde, tomava um banho, numa ducha de água pouca e quente
se casulando
com o ar frio
que raspava na pele, às vezes.
A água protegia e levava sempre algo
esquecia o tempo
esquecia a rua
esquecia tanto...que não se lembrava
de pensar em algo...que deveria esquecer.
Sentia. E lá ficava
As gotas a bater nas costas, a passar pela perna, pelos pés...
E quando se lembrava de sair,
deixava sua cabeça se libertar
para a água escorrer entre os cabelos e a nuca.
Colocava um vestido, escolheu vermelho.
E saiu.
A noite violava, e seu corpo dançava no salão.
Cada par, tinha seu cheiro.
O suor a libertar a pele, e os cabelos
a estar descabelados.
Até que, um de todos resolvera aparecer.
Era um, diferente dos outros.
Chamou a sua atenção.
O risco de ser um, somente, lhe atraía.
E todos observavam aquele que não era os outros.
Achavam-o menor.
E ela no menor, o achava único.
Violavam seus olhos por muito tempo, num tango delicado
e sincero.
Violaram o bolero dos outros, e dançaram
num vai e vem
no mar vermelho, branco, amarelo...
Numa doce sensação de liberdade.

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