terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vinha

Sonhei muitos anos na minha vida, e esperei estes sonhos acontecerem.
Hoje, o que vivo não são meus sonhos
mas algumas frustações
de ver ideais e valores sonhados
esvaziados no mundo
que estou mergulhada.
Há muita solidão no lago que flutuo.
Os peixes andam sumidos.
O céu ainda está fechado, mas meus olhos, não mais.
Abriu os olhos, a mulher deitada no sofá.
O cheiro do café pronto, era alarme do seu mais novo atraso.
Começar.
Já fazia hora que estava parada. A pele parada
não é a mesma do que suada. Não faz história.
Olhava suas cicatrizes com um certo esmero, de dores e lutas
se sentia mais guerreira e corajosa
nas suas marcas do seu passado.
Em algum momento sua história deu um tempo de si.
Em algum momento ela ficou se vendo pelo espelho.
E se viu parada
sem marca
sem saber
marcar
sem saber
mais chorar.
Os valores, os ideais, esperanças
não cresciam como sementes
no solo
não cresciam em mais ninguém
nem nela.
Não podia deixar morrer as mudas.
Parou. Ficaste parada enquanto a seca não passava.
E não passava.
A planta se transformou de rosa em cacto.
O que havia ainda de formosa nela era a garra.
A esperança debaixo do solo, crescia na raiz.
É nela que não podia morrer.
O cacto suga o pouco de água que há, para lembrar ao solo
que a seca não pode esvaziar sonhos
que apesar de tudo
a vida tem que continuar.
A vida é uma utopia, que se acredita
para não ficar parado.
Ah...
Há luz 24 horas, mesmo com nuvem.

Um magabá caiu nela.E num instante tudo que estava parado
acordou.

Decidiu viver. Alegria gritou na janela
E decidiu ter...
Novas marcas. Novas cicatrizes, novas dores.
Não vai deixar de amar.
Ela sabia.
Não vai se esquecer de chorar.
Ela silenciou.
A mulher não é mais a mesma,
ela está
não é mais...quer viver
foda-se você
está
com
os olhos
olhos
abertos.
As ilusões são os outros.
A vida não...

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