quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Coragem

É preciso não ter medo de colocar um ponto final, para poder continuar.
As coisas mudam e nós mudamos.
Hoje, somos dois estranhos.
Os dias vieram e nas tardes sagradas
encontravámos o elo
dos nossos contrastes.
As diferenças eram brincadeiras
e as semelhanças nossos segredos
nossos encontros
nossos papos
trocas e liberdade.
Tudo ficou em algum lugar
que não vemos mais
que não somos mais.
Somos outros estando junto.
Encontro sem interseção.
Éramos quase crianças, hoje, somos realmente adultos.
Nossos encontros
são solidões não admitidas.
O diálogo esvaiceu, a admiração se foi.
Ficou as críticas, e a vontade
de que o outro seja diferente.
Talvez, estejamos com medo de admitir
que não somos mais.
Admitir que os sentimentos são passageiros
e que as promessas não são eternas.
Admitir que as diferenças vencem
e que os encontros acabam.
Talvez, estejamos com medo de nos perguntar:
como seria a minha vida sem você?
Com medo da resposta nem a fazemos.
Estamos com medo de olhar o presente,
como crianças que tem medo de ser adulto.
Como um adulto com saudade de ser criança.
Mas não é pra isso que serve a infância, nem os encontros.
A infância é assim
um dia acordamos
e descobrimos
que ela não está mais aqui
ficou num mar de lembranças.
E em ondas traz dentro das garrafas, mensagens pra ficarmos com saudade.
Talvez este seja o nosso melhor destino.
Talvez.
Se assim for, que seja de lembranças boas.
Por favor, coloque o ponto final quando para isto lhe for preciso.

Um comentário:

Anônimo disse...

faltou a coragem para o nome
sobrou a força das poesias
o tempo dá mesmo voltas
e daqui a pouco
de novo
mais uma vez
agora
nunca
- repete -
a gente se esbarra
se costura
se odeia
e se amolece.
afinal
aprendemos os caminhos
juntos
um pelo outro
um para o outro
um pelo outro, sim.