terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Casos I

- Quem ele acha que é?
A cabeça dela estava quente. Não agüentava mais o jeitinho do neguinho.
Marrento, galinha, safado, canalha, enfileirava rapidamente todos os xingamentos que podia imaginar sobre ele.
Ela gostava dele, isso era o que achava pior.
Morria de ciúmes, mas não queria demonstrar, e achava que fingia muito bem, virava o rosto, os olhos enchiam rapidamente de água, não se sabe de raiva ou de que mais, mas o fato é que era só uma mulher chegar perto, tocá-lo, ou soltar uma frase mais doce e intima, que essa tal “raiva” aparecia em sua face.
Ficava na sua, quietinha. Ele não fazia seu tipo, mas não sabia o porque, o neguinho mexia com ela. Era o jeito de falar, de andar, de pensar, tudo diferente dela, mas então porque ele mexia com ela?
Era só uma atração, ia passar.
Imaginou.
E se cansou de esperar.
A atração continuou. Era gostoso pensar, nem que fosse, às vezes, que podia ser a mulher dele.
Pelo menos, quando ele a abraçava, a olhava, se sentia sua mulher. Ficava sem forças de quebrar o olhar, mas aos poucos sentia sua face se enrubescer - talvez por medo de achar que ele estava percebendo tudo, medo dele se achar gostoso, de achar que ela era igual as outras, a achar fácil,não!!!... definitivamente, não queria lhe dá mole assim, tão fácil – e então, virava o rosto, escondendo qualquer sentimento.
Que raiva! Tanta gente pra gostar e logo ele.
O rapaz era marrento mesmo, mas não era má pessoa. Forma de expressar, máscara, sabe?
No fundo, estava cansado da vida de sempre. Nada de novo, os dias estavam muito monótonos. O coração nem vibrava tão gosto. E a única gatinha, que lhe prendia não ligava pra ele. Reparava tudo nela, gostava disso.
Quando ela vinha de vestido é que matava o pobre rapaz. Não conseguia desgrudar os olhos, ficava com medo de parecer idiota, parava e ficava na tua, ia conversar com os amigos, com as amigas. E quando olhava pra ela, a menina estava com o rosto virado, sequer o notava.
Eles não tinham nada em comum,ela nem era afim de samba. Achava ela estranha, mas o pior, é que gostava desse jeito estranho.
Achou que era atração, ia passar.
Imaginou.
E se cansou de esperar.
Sonhava, deseja sua boca. Ficava olhando pros olhos, e sem perceber já estava olhando para a boca. Tentou se policiar. A menina podia achar que ele era um tarado. Teve medo. Dela não aceitar nem mais seus abraços. Teve medo de tocá-la e acabar “demonstrando” seus desejos. A menina ia achar que ele era tarado.
Mas era só, ele abraçar que tinha vontade de lhe apertar e beijá-la. Era só olhar pra ela, que tinha vontade de beijá-la. Quando dormia sonhava que não só estava beijando, como transando com ela, e se fosse mais sincero, deixaria escapar um “fazendo amor”.
Maldita atração que não passa.
E se não fosse atração, fosse algo, mais?
Era algo mais. Mas estava com medo de pensar isso.
Saiu e dançou com uma menina, mas logo a viu no final do salão. Tentou disfarçar mas o corpo estava quente, só de saber que ele estava tão perto dela.E ela nem olhava para ele.
Enquanto isso, ela sentia seu rosto quente e vermelho com “raiva” daquela intimidade que ele dançava com aquela “mulher”.
Maldita atração que não passa.
E se não fosse atração, fosse algo, mais?
Era algo mais. Mas teve medo de pensar isso.

3 comentários:

May Aguiar disse...

Era atração,era algo mais,era atração, era algo mais ?
Ai que raiva que da quando a gente gosta e já vem alguem cheio de mãos pra abraçar,ai que vontade que da de ligar pra dizer boa noite!mais não daremos essa moral!e se for só atração que momento venha o quanto antes,que exploda,que faça presente,bom "quente" Que o limite seja apenas o seu. e desejo tenha sempre algo mais.



Vana,adorei!
Arrazou ...uiuiuiHu

Anônimo disse...

poxa
quantos neguinhos e neguinhas partiram sem nem mesmo deixar nome... na dúvida, acho que deveríamos ultrapassar?

bjo imenso
diogo

Iasnara disse...

Pensar pra quê, se dá medo, sou sentir - sempre.
(não sou neguinha mas gostaria, acho lindo)