sábado, 23 de outubro de 2010

Paredes

Caminho, sabendo aonde posso chegar
caminho andando para trás
defesas de passos machucados.
Areia voa, voa
para esconder os calos.
Nada é como antes
o sorriso persiste
enquanto a língua lambe as lágrimas derramadas.
Nada é como antes.
A criança tem hora para brincar, o sorriso tem hora para nascer
porque tudo que vivemos é planejado
racionado
imaturado
desvelo sem fim.
Medo do segundo passo.
O primeiro é sempre escudo.
Outro passo para trás.
Medo de doer, de criar mais uma cicatriz
que teremos que esconder.
Medos, medos, medos...
constrói-se mais incertezas
sobre o que está certo.
Os outros riem enquanto nos afastamos
riem da nossa pieguice
de querermos ser fortalezas
para
escondermos-nos entre paredes
e lançarmos
perguntas atrás de um sentido.
Um sentido que nos motive a seguir desta vez
adiante.
Atrás destas paredes está nosso segredo:
a vida é melhor vivida sem pensar.

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